O produtor Uvilson Santos Oliveira, residente na cidade de Mucugê, na Chapada Diamantina, Bahia, cedeu entrevista a equipe de reportagem do G1 em sua propriedade, onde cultiva frutas vermelhas, como amora, morango, framboesa e mirtilo.
Por G1
A história de Uvilson no agronegócio não teve início na fruticultura. Como muitos outros produtores rurais, o amor pelo campo começou quando ele ainda era criança, mas, naquele tempo, as frutas ainda não eram as protagonistas da realidade de Uvilson. Sua família sempre trabalhou com a agricultura de subsistência, em que se planta para sobreviver e comercializa apenas o excedente, e, entre uma ajuda e outra, ele brincava de “ser fazendeiro” e sonhava com os “boizinhos” que um dia teria. O que ele não imaginava, é que um dia iria se tornar referência no cultivo de frutas vermelhas.
“Criança do interior é aquela que não tem a mesma brincadeira da criança da cidade, é um pouco diferente, mas eu sempre brincava com brincadeiras de rocinha, de fazenda, de bois, é mais ou menos por aí, é uma brincadeira bem comum na zona rural.”
Assim como boa parte dos nordestinos, quando completou 18 anos, Uvilson foi “tentar a sorte na cidade grande”, onde poderia ter mais oportunidades de emprego do que viver da agricultura de subsistência que a cidade de Mucugê oferecia. Em São Paulo, ele trabalhou em um pouco de tudo, foi segurança, motoboy, além de ter trabalhado na construção civil e na indústria metalúrgica, mas, a vontade de voltar às suas origens nunca o deixou.
“Normalmente, qualquer nordestino que sai do Nordeste, já sai pensando em voltar com uma condição melhor, com uma vida melhor. Ele não sai e fala assim: “Eu vou embora daqui e nunca mais eu volto”. Isso acontece com pouca gente. Minha ideia era trabalhar um pouco, tentar fazer algum dinheiro e voltar para minhas origens, porque ninguém aguenta ficar em São Paulo com toda a família, a saudade, as origens e a história aqui.”
Portanto, 10 anos depois, Uvilson retorna à Bahia. A ideia inicial era voltar para a agricultura de subsistência, o mesmo cultivo que seus pais e seus avós compartilharam. Começou com os tradicionais: café, arroz e feijão, depois foi para as verduras e legumes, como tomate, pimentão e abóbora. Em 2013, iniciou o plantio da primeira fruta vermelha: o morango. Daí, não parou mais. Algum tempo depois, em uma palestra com outros produtores rurais, o agricultor viu uma grande possibilidade no cultivo de amora e, apesar de poucas pessoas acreditarem, resolveu arriscar.
“Fiz contato com um viveirista do Rio Grande do Sul e comprei 50 mudas de amora. Essas mudas vieram até Vitória da Conquista de transporte aéreo e eu fui buscar de carro. Só que 50 plantas de amora não tem viabilidade nenhuma. Mas eu estava tão instigado de plantar, que foi o que deu para comprar na época e eu comprei. Aí eu conheci um rapaz nessas idas e vindas, um engenheiro agrônomo bem renomado e expert no segmento de berries. Acabei fazendo contato com ele, que é um viveirista, e ele me sugeriu fazer as mudas de amora. Fiz capacitação para isso, para transformar as mudas em matrizes e comecei a propagar essas plantas.”
Atualmente, as 50 mudas que Uvilson comprou já se tornaram 150 mil, que ele comercializou por todo o Brasil. Além do cultivo das frutas vermelhas e do comércio de mudas, o produtor rural é referência na cultura dos berries – que são chamados assim por conta da língua inglesa. Sua propriedade é recorde em produtividade por planta e produtividade anual, além de Uvilson ajudar outros produtores que desejam partir para o mesmo ramo que o dele.
“A gente se sente bem lisonjeado de ter esse reconhecimento. Trabalhar com a tecnologia que nós trabalhamos hoje, a produtividade que nós alcançamos, conseguir produzir amora nas 52 semanas do ano, algo que em nenhum local do mundo tem e nós fazemos isso aqui na Chapada. Nosso sítio consegue produzir a qualquer dia do ano.”
A história de Uvilson não teria sucesso se, há alguns anos, ele não tivesse uma picape, como a S10 High Country, para ajudá-lo a transportar as 50 mudas de amora que transformaram a vida dele. Com segurança e agilidade, o fruticultor pode escoar sua produção Brasil afora. E o carro, que é ferramenta para facilitar o dia a dia, se torna um veículo de passeio para a família nos momentos de lazer.
— Foto: Bring Filmes | Julien Pereira Pinto
“Sem a tecnologia da picape seria inviável tocar esse negócio. Nós moramos em um local longe, e por esse motivo, temos vários empecilhos para escoar a nossa produção e trazer os utensílios básicos para esse cultivo. Por isso, dependemos da tecnologia da picape. Ela não deixa a desejar em nada nesse aspecto. Em período de chuva, tem muita irregularidade do terreno e você precisa de uma picape que não atola, que não te deixa na mão, que não quebra e que tenha toda essa tecnologia para alavancar o nosso negócio.”
Para Uvilson, o baiano corajoso que não teve medo de arriscar, há uma determinação diferente que o ajuda a levantar todos os dias: a vontade de conquistar o resultado.
“O que me motiva é a vontade de vencer e eu diria vencer, não no sentido financeiro, mas como pessoa, como empreendedor, como um cara que desbravou uma coisa que ninguém acreditava, pra mim isso é vencer.”
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